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Recentemente li um artigo muito interessante do Raúl Mestre, que entretanto foi publicado no PokerPT e está a causar bastante discussão. Para entrar na discussão, dei a minha opinião no fórum que apesar da minha ideia inicial ser um post resumido acabei por me alongar e achar que vale a pena reproduzir essa análise aqui:


Artigo no PokerPT:
http://pokerpt.com/noticias/2-actualidade/14013-raul-mestre-diz-que-a-culpa-e-dos-cash-games.html

Discussão no fórum do PokerPT:
http://pokerpt.com/forum/post311290.html#p311290




Este artigo do Raul Mestre surpreendeu-me tanto ou mais do que a qualquer um, não por ser publicidade à Educa mas por poder prejudica-la, enquanto questiona o principal objecto de estudo da escola que fundou. No entanto, é uma análise muito boa à actualidade do poker online e esse mesmo risco é a prova da seriedade do artigo.

Se fosse a dizer tudo o que acho sobre os diversos temas pelos quais o artigo passa podia escrever um livro, portanto vou tentar ser breve e focar apenas alguns dos pontos para já, e depois irei para onde a discussão me levar.

Começo pelo título dado à notícia no PokerPT.

Conseguiram traduzir “El estancamiento del poker: raíces y soluciones” para “Raúl Mestre diz que a culpa é dos cash games”, numa análise rápida e estilo TVI em que se pega numa frase lá para o meio e se dá um destaque do caraças numa lógica de “o homem mordeu o cão”. Bem ou mal, a generalidade das pessoas entendeu que esse era o tema principal do artigo quando não o é. Antes de assumir essa hipótese (o problema dos cash games), o Raul passou por uma análise profundamente correcta da economia do poker, dos intervenientes, do fluxo de capitais e das motivações. Essa hipótese (título do PokerPT) é na minha opinião a parte mais subjectiva e menos importante do artigo. Má escolha.

O alimento.

Se dividirmos a economia em três categorias de intervenientes: as salas, os jogadores regulares e os jogadores recreativos; por exclusão percebe-se rapidamente quem é o oxigénio de todo o sistema.
Sendo assim, e admitindo que as salas são o motor do sistema, essas devem moldar-se para satisfazer exclusivamente os jogadores recreativos. Devem ser criados jogos, bónus, promoções, etc a pensar apenas nesse tipo de jogadores, nunca nos jogadores regulares.

Noutro dia ouvi o Kitten dizer uma coisa que me surpreendeu pela simplicidade e correcção: o melhor bónus que se pode dar aos jogadores regulares são os patos. Isto quando se discutia as estratégias das diferentes salas, e expondo uma verdade que parecendo óbvia nem sempre o é. Torna-se ainda mais óbvio que todos os esforços devem ser canalizados para atrair o oxigénio.

Os problemas: alimento devorado demasiado depressa.

Aqui entram os cash games, os Huds, os PTRs, as escolas, etc. A culpa pode ser atribuída a estes, mas vejamos a lógica:

Os jogadores quanto melhores mais ganham e quanto piores mais perdem -> Os jogadores querem jogar melhor -> Os jogadores estudam o jogo -> Os jogadores estão dispostos a investir parte do seu tempo e dinheiro na evolução-> HUD, PTR, Escolas

Portanto, as escolas, HUDs, ferramentas de estudo, surgem de uma necessidade e quando há necessidade, elas surgem. Não são a origem do problema.

A solução.

Aqui eu discordo ligeiramente do Raul. Penso que não é possível decretar o fim dos cash games. Qualquer sala que o fizesse fechava imediatamente portas, exceptuando talvez a Pokerstars pela sua dimensão e o quase monopólio de MTTs.

Desde que jogo poker que assisto a uma morte dos cash games, e nada é mais definitivo do que uma morte natural. Quando comecei a jogar limites baixinhos, corria uma acção doida em 100-200, 200-400, múltiplas mesas sempre a correr; quando cheguei aos high stakes, já o limite mais alto que corria constantemente era o 25-50. Agora, 10-20+ já corre muito menos e numa dinâmica de autêntica “caça ao pato” em que esses são devorados a grande velocidade, perdendo eles próprios o interesse nessa variante e levando consigo o oxigénio.

Os torneios.

Está provado para mim que o ecossistema dos torneios evolui de uma forma muito mais sustentável do que o cash. A variância é enorme e literalmente “qualquer um pode ganhar”, apesar da crise mundial e da crise do poker em particular, continuam a acumular records e a motivar os diversos tipos de jogadores. Em Portugal é especialmente notória a disparidade de interesse entre cash e MTTs, a favor destes últimos.

Já os regulares, eu posso dizer da minha experiência que há regulares ganhadores de torneios de 5000€ que, pela minha análise do jogo deles, não seriam vencedores em cash games de limites como NL100 (0,5€-1€). Isto é mais uma prova da evolução muito mais lenta e sustentável ao longo do tempo; ao contrário do que acontece no cash online, onde com milhões de mãos jogadas e as ferramentas adequadas para analisar e ajudar no jogo, os regulares jogam com uma precisão científica e imbatível para um jogador recreativo.

O rush poker (aka zoom, fast-poker, …)

Esta variante é interessante e, ao contrário do que pensa o Raul, eu penso que tem o seu lugar assegurado no futuro do poker online.

Pensando num exemplo, um jogador que se queira divertir com 20€ e para o qual seja uma grande seca (que o é) jogar uma mesa normal de 0,01€-0,02€, no zoom pode jogar esses mesmos limites e divertir-se muito mais apenas pelo facto de foldar uma mão e poder jogar logo outra. Um jogador recreativo precisa de divertimento e adrenalina, e o preço (mais alto) dos jogos é apenas um dos factores que influenciam essa última. Ao conseguir jogar mais rapidamente a um ritmo que permite divertir-se muito mais, decresce a necessidade de jogar mais alto e colocar todo o seu dinheiro de uma vez no pano.

Pensando em high stakes, penso por exemplo no scout326 (maior perdedor de cash games de sempre, com -4M$ no PTR da stars, e mais uns milhões noutras salas). Quando o scout chega, a mesa enche em segundos e a waiting list atinge acima de 30 jogadores, foras outros que nem se dão ao trabalho sabendo que estar em primeiro ou último da waiting é a mesma coisa. Imagino só se houvesse 25-50 zoom e o scout se sentasse… e imagino uns 50 jogadores a jogarem zoom 25-50!

Saldo de Domingo e aula MTT-180

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Este Domingo foi a primeira aula de MTTs, durou 11 horas e penso que foi um sucesso a vários níveis com cerca de 100 pessoas a assistir à maior parte da sessão.
Tecnicamente houve algumas falhas que não tínhamos previsto, como a insuficiência do servidor Mumble para aguentar muitas pessoas e mais de 2h de aula, o que nos obrigou a improvisar. Serão problemas que da próxima vez já estarão corrigidos. Além disso, as actualizações dos EducaPontos nem sempre são imediatas e em vários casos estamos dependentes dos reports das salas que podem demorar alguns dias; para não deixar ninguém que preenchesse os requisitos de fora acabamos por deixar entrar toda a gente que acedeu ao servidor. Na próxima vez seremos mais rigorosos, e fica já o aviso de que não podemos garantir as actualizações de EducaPontos feitos há menos de uma semana.
Infelizmente não houve final tables nem nenhum grande resultado, mas é o que acontece frequentemente numa só sessão. Joguei cerca de 55 torneios, com um total de buy-ins próximo de 8000 usd. O meu maior cash foi de 900€ na Ladbrokes num torneio 100+R e fiz mais alguns menores. Foi uma sessão negativa.
De qualquer forma, o objectivo não era mostrar que o poker é um mar de rosas, mas pelo contrário mostrar a realidade do que é uma sessão minha de MTTs.

Como estava planeado a aula estará disponível na EducaPoker, em 11 segmentos de aproximadamente 1h. O primeiro, de cerca de 20 min foi disponibilizado já no youtube, para quem ainda não esteja inscrito na Educa poder ter um "preview".



Agora as novidades, vou aproveitar a competição de MTT-180 organizada no fórum do PokerPT para fazer uma aula que será uma sessão desses torneios.
Essa sessão será Quinta-feira às 17:00 e já está marcada em http://www.educapoker.pt/escola/classes ; para assistir basta ser do nível básico e ter 1 EducaPonto. A duração destes torneios fará com que a aula tenha aproximadamente 2h.

Edit:
Ia-me esquecendo de falar disso mas já há um fórum de MTTs na EducaPoker: http://www.educapoker.pt/foruns/sng/estrategia-basico/torneios-multi-mesa-mtts , onde irei tentar responder a todas as perguntas sobre estas e outras mãos que queiram colocar. O fórum é agora de nível básico (1 EducaPonto) tal como serão os restantes episódios.

Plano para Domingo 15 de Abril

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Aqui está o meu plano para a sessão de Domingo, que vai ser acompanhada no formato de aula em www.educapoker.pt Tudo junto, com previsão de 1 rebuy e 1 add-on nos torneios de rebuys dará cerca de 6500$ de buy-ins.

O plano actual é parar de me inscrever às 22:15 (com excepção do Sunday Supersonic) que é o que faço normalmente para não iniciar torneios numa altura do dia em que já estou muito cansado e concentrar-me num número mais reduzido de mesas que entrem nas fases finais. Não vou prometer jogar para além disso, mas se tiver apoio não excluo essa hipótese!

Scoop 2012

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Vi agora o programa para o Scoop e não resisti a fazer as contas...


Acordo ortográfico

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Inspirado numa carta escrita por uma mãe preocupada e partilhada através do jornal Público (que não utiliza o AO) e que já partilhei no Facebook: http://www.facebook.com/joaovidebarbosa/posts/163087497146827
vou explicar a minha posição acerca do AO.

Custa-me legitimamente estar no papel de Velho do Restelo, uma vez que sou a favor do progresso e faço os possíveis por evitar a aversão à mudança inscrita na natureza humana. No entanto, depois de bastante deliberação, sou contra o AO e não o aplicarei.

A evolução linguística é algo que se dá em longuissimos períodos de tempo, e apesar de haver sentido em ocasionalmente normalizar algumas regras, esse processo está também sujeito a ser feito no ritmo adequado, por exemplo 1 ou 2 palavras ou 1 ou 2 regras a cada 30 anos. Mudar centenas de palavras, regras de hífen e regras de maiúsculas por decreto e indo contra as regras aprendidas e utilizadas por milhões de pessoas em Portugal não é a forma adequada de se fazer a evolução linguística, ainda menos quando o é feito por razões políticas e não linguísticas, como é o caso.

No AO, e analisando do ponto de vista de um falante de Português de Portugal, atropelam-se diversas regras de fonética, criam-se ambiguidades, vou dar alguns exemplos:

O que é o Egito ? (resposta no fim)

Há algumas palavras onde o significado e a fonética não se alteram:
óptimo / ótimo
objecto / objeto
directo / direto

Palavras onde as regras da fonética são atropeladas:
acção (lê-se 'áção') / ação (lê-se 'assão')
recepção (lê-se 'recéção') / receção (lê-se 'recessão')

Palavras onde se criam ambiguidades:
acto, de actuar, do teatro / ato os cordões dos sapatos
pára, de parar / para (pronome)
pêlo / pelo

Hífenes que dão sentido específico a conjunto de palavras:
Fim-de-semana, significa os dias Sábado e Domingo.
Fim de semana, serão os últimos 2 ou 3 dias da semana? ou as últimas horas? e para quem diz que o Domingo é o primeiro dia da semana?

Prefixos:
Gosto do parachoques e do coerdeiro , criam-se uma infinidade de novas palavras, até aqui inexistentes.

Maiúsculas que dão especificidade às palavras como:
Papa / papa
Professor / professor

Deixei certamente por referir muitos exemplos caricatos, e para além desses há muitos outros onde o sentido até nem se altera mas são muitas palavras e formas de as escrever que aprendemos de uma forma e não há razão para alterar.

As razões para haver o AO, não são muitas nem importantes. A principal que se alega é a escrita de acordos, contratos, leis entre Portugal (e PALOPs) e Brasil sem necessitar de as traduzir, mas uma coisa seria aceitar como correcto o português do Brasil, outra é obrigar-nos a usá-lo. Duzentos anos de independência e uma diversidade linguística que vem de ainda antes disso, fizeram com que Portugal e Brasil tenham línguas diferentes. O mesmo acontece com todas as línguas faladas em diversos países e territórios, como inglês, francês, espanhol. Por exemplo, a Espanha, tem dentro do seu território continental 5 línguas oficiais.

Agora a confusão actual é inadmissível, umas coisas escritas de uma maneira, outras de outra, ninguém sabe o que é correcto. Na escola escreve-se com AO, nos tribunais sem AO, não há consenso, não há lei, não se percebe nada. Queriam criar uma língua única, mas conseguiram criar uma duplicidade insuportável. Os linguistas, professores de Português, legisladores, etc, estão-se (ou estão se) a atirar ao tecto (ou teto).

Nota: Este blog é escrito em Português sem acordo ortográfico, salvo alguns termos e expressões em língua inglesa, entre os quais os que se integram na gíria do poker.

Resposta: O que é o Egito? É um país, também conhecido (sem AO) por Egipto.

Educapoker e MTTs

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Decidi abrir este novo blog para poder falar sobre tudo um pouco, a maior parte do conteúdo será certamente sobre poker, mas falarei sobre bastante mais coisas, nos momentos em que achar oportuno.
Para já vou aproveitar para lançar algumas novidades relacionadas com a EducaPoker.pt



Educapoker:



Recentemente, renovei a minha ligação à Educa Poker e a maior novidade vai ser uma secção de MTTs da qual serei o principal responsável.
Ao contrário da secção de cash, muito mais madura e que aproveitou a excelente base de artigos da EducaPoker.com, a secção de MTTs será completamente nova e sem grande apoio de material já existente.
Então porquê MTTs?
Em Portugal, os MTTs são a variante com mais adesão por parte de diversos tipos de jogadores, iniciados, recreativos até profissionais com diversos casos de sucesso a terem aparecido nos últimos tempos. No fundo, estamos a ir ao encontro do que os jogadores querem e gostam.
Vou aproveitar a minha experiência e conhecimentos nessa vertente, a que devo uma boa parte dos meus sucessos no poker, para avançar com esta secção mesmo sem o importante apoio do material escrito.Apesar disso, começaremos desde já a criar o dito material, quer artigos quer vídeos apropriados aos diversos níveis da Educa e futuramente a organização acompanhará o mesmo modelo que usamos para os cash games.



Aula de 15 de Abril:



Para iniciar a vertente de MTTs vou fazer uma aula especial, Domingo dia 15 de Abril a partir das 16h, até à hora que acabar a sessão. Essa aula consistirá em acompanhar a minha sessão de MTTs de Domingo, comigo e outros professores da Educa nos comentários; provavelmente não vou conseguir comentar nos momentos de maior intensidade, mas pelo menos uma vez por hora farei o resumo do que se tiver passado nessa hora e das perguntas acumuladas que tiver para responder.
Não vai haver live streaming, por diversas razões, entre as quais a insegurança de estar a mostrar as minhas cartas em directo e a falta de largura de banda para conseguir ver até 20 mesas com qualidade aceitável. O som será transmitido por Mumble, como é habitual nas aulas da Educa.
Será possível aceder à aula na educapoker.pt , sendo necessário ter o nível Básico - 1 educaponto - quem ainda não estiver inscrito necessitará apenas de abrir conta numa das salas da Educa, usando os links Educa, e fazer 1 raked hand. Para qualquer ajuda o fórum de suporte está sempre disponível e aberto a todos.



Cash vs MTTs:



Muito há a dizer neste tema mas vou para já tocar em alguns pontos importantes:

  • Variância; é legítimo dizer que os MTTs têm mais variância, mas a principal diferença está na forma da variância. Um jogador de MTTs passa 99% do tempo em downswing. Entre um bom resultado e outro bom resultado, há longos períodos de despesa em buy ins e vazio de resultados, basta lembrar que só faremos ITM em cerca de 10% dos torneios. Dependendo de diversos factores eu diria que a equivalência de variância de MTTs para cash é da ordem de 10x (NL100 está para torneios de $10)
  • Valor e rake; Para compensar a variância elevada, os MTTs têm também um grande potencial para ganhos; olhando para os resultados dos melhores jogadores, um bom regular de MTTs pode atingir entre 50 a 100% de ROI jogando diversos buy ins e tamanhos de fields. Isso é sem dúvida uma margem bastante boa quando comparada com as 3-4bb/100 que um jogador de cash ambiciona ter. As estruturas de rake em MTTs são muito diferentes das de cash e muito mais uniformes, é vulgar haver uma fee de cerca de 1/10 do buy-in desde os baixos até aos altos; já no cash a disparidade em bb/100 do rake em low e high stakes é bastante grande, dependendo da sala e das stakes que jogamos convém ter atenção a esses números.
  • Controlo de tempo; Enquanto que nos cash games podemos começar e acabar a sessão a horas programadas nos MTTs isso é impossível, temos sempre que reservar disponibilidade para o caso de correr bastante bem.
  • Preparação da sessão: Os breaks são muito limitados e mesmo os 5 minutos de break sincronizado são muito limitados para uma sessão de muitas horas, convém ter a alimentação preparada. A parte psicológica é também bastante importante para manter o nível durante muitas horas; o tilt é muito mais difícil de controlar em MTTs quando estamos a jogar 10 a 20 mesas e não temos possibilidade de fazer uma pequena pausa, nem de interromper a sessão.



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